O SENHOR DAS ARMAS: A representação cinematográfica da violência alimentada pelo trafico internacional de armas, drogas e munições
Ao apresenta-se um filme para ser abordado em sala de aula deve-se levar em conta seu caráter educativo, no qual o professor, utilizando-se de seus conhecimentos pedagógico, enriquecerá a aula e fará uma exposição sobre o tema abordado no filme, além de ter a preocupação de não deixar que o objeto da apresentação, o filme, seja mais importante que a sua explanação. Além disto, deve-se sempre busca temas que desperte nos educandos o interesse e a curiosidade por novos conhecimentos. Nesta resenha passa-se a apresentar uma produção cinematográfica de grande magnitude em função do momento atual em que vive-se, o Filme O Senhor das Armas (Lord of War) uma produção de 2005, protagonizado por Nicolas Cage, no papel principal, mas abrilhantada por um elenco de alta expressividade (Bridget Moynahan, no papel de esposa, Jared Leto, como seu irmão, e grande elenco, e sob a direção e roteiro de Andrew Niccol; o mesmo de Show de Truman, Gattaca – Experiência Genética e S1m0ne, produzido pelo próprio Nicolas Cage, é importante documento do qual pode apropriar-se o professor para abordar a situação da áfrica contemporânea, sobretudo no logo após o período denominado de Guerra Fria. O filme conta a vida de um contrabandista internacional de armas que abasteceu as principais guerras do planeta entre os anos 1980 e 1990 e principalmente aquela que ocorreram em território africano. A narração em off, aquela por traz da cena, é feita pelo próprio Yuri Orlov – traficante de armas de origem ucraniana que imigra, ainda na infância, para os EUA. A centralidade maior deste filme está no fato de que ele é fundamentado em entrevistas de cinco grandes traficantes internacionais de armas, que contribuíram para sua realização. O personagem Yuri Orlov (Nicolas Cage), criado na comunidade imigrante de Little Odessa, em Nova Iorque – sintetiza a personificação histórica do capitalismo contemporâneo, numa de suas facetas mais cruel, dura e desnuda possíveis do mundo atual, que traduz-se no tráfico internacional de armas (e drogas), tendo como ponto de partida e coordenadas históricas o período que compreendem a queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e os anos subseqüente, quando cai o muro de Berlim, marco que denomina-se como sendo o fim da chamada “Guerra Fria”. Uma entre tantas coisas, o que mais impressiona no filme é a banalidade como se trata os números da realidade relacionados a esse comércio. Percebe-se que, conforme o próprio protagonista demonstra, indagando e respondendo a si próprio, é que “quem vai herdar o mundo? Os traficantes de armas. Porque todo mundo está muito ocupado matando uns aos outros (Yuri Orlov), e que “para cada 12 pessoas no mundo, há uma arma. A minha preocupação é: como armar as outras 11?”(Yuri Orlov). Observa-se que ao se assistir ao filme, e analisar-se os números apresentados pelo protagonista, se é de imediato remetido a questão da violência urbana na qual o Brasil esta mergulhado, onde os grandes centros, a muito, já não se apresenta como um local ideal para se viver, se nos acostamos a uma poltrona para ver-se um telejornal, desde logo, se é vítima da violência visual que faz a mídia ter grandes audiências e que traz a matança dos concidadãos e a apresentação de armamento de grosso calibre muita vezes desconhecidas pela força policial local. Assim, o filme mostra como que cada dia mais se estabelecem as redes criminosas, alimentadas pelo contrabando internacional de armas, drogas e munições. No filme Senhor das Armas, logo em sua abertura, se é levado a acompanhar a trajetória de um projétil, desde o momento de sua fabricação até seu consumidor final, entenda-se como consumidor final não aquele que compra, mas aquele que termina sendo a principal vítima desse projétil, uma criança negra, pobre, de pouca ou nenhuma escolaridade lá na África ocidental, ou seja, é perfeitamente possível dadas as condições apresentadas se imaginar que poderia ser uma criança brasileira ou quem sabe de um país Sul-Americano qualquer, que diariamente são vitimada por balas perdidas. E por se falar em América do Sul, estamos assistindo um confronto (2008) que é alimentado pelas organizações clandestinas que vendem armas, munições e drogas, que estimula organismo de defesa de interesses patrióticos a enveredarem no caminho da violência armada, como forma de manutenção de sua sobrevivência política. Os conflitos que se acirram na América do Sul é o lado internacional do contrabando de armas, que alimenta da mesma forma que a África Ocidental foi abastecida na década de 1980 em diante. Levando-se em conta a questão brasileira, percebe-se que há 17 milhões de armas de fogo em circulação no Brasil atualmente, das quais apenas 49% são legalizadas (dados da ONG Viva Rio), e que o índice de assassinato por armas de fogo é assustador, chegando a casa do 21,72 óbitos em cada grupo de 100.000 habitantes e que, conforme estudo da UNESCO, essa taxa triplicou-se num período de vinte anos. Mesmo assim o protagonista do filme afirma “esta guerra não é nossa”, afinal é de quem? Dos inocentes, que são as principais vitimas! Nesta guerra diária, o Brasil já ocupa 2ª posição no ranking mundial de mortes por armas de fogo, perdendo apenas para a Venezuela, que conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) chega à casa de 30.34 mortes a cada 100.000 habitantes, lembre-se apenas que a Venezuela compõe o rol dos países sul-americano abastecido pelo trafico internacional de armas, drogas e munições. São as condições de fragilidade desses países no combate aos traficantes internacionais que torna trafico de armas, drogas e munições é um negócio extremamente lucrativo no mercado interno e externo, tendo seu lucro aumentado em razão de está isento de impostos, taxas e contribuições, além das tarifas cobradas no mercado externo, bem como o fato de não haver qualquer relação de respeito aos tratados de direito internacional público ou privado. No filme, o policial Valentine (que representa a força estatal), afirma que são burlados “todos os embargos de armamento já escritos”, e mesmo com os embargos as violações são uma constante o que leva o protagonista, (Yuri Orlov) em tom irônico, após ser preso em fragrante e acusado de tráfico internacional de armas, a desdenha do poder estatal, “não vou passar um segundo num tribunal” e complementa em tom desrespeitoso para o agente da INTERPOL, que “Um Sr. baterá na porta e será chamado lá fora. Lá fora, estará um homem superior a você, primeiramente te parabenizará pelo ótimo trabalho, por ter feito do mundo um lugar mais seguro, receberá recomendações…promoções, e logo lhe dirá que está aqui para liberar-me. Você vai protestar, vai até ameaçar de renunciar, mas no final, serei libertado, o motivo de minha liberdade é o mesmo pelo qual eu seria condenado, eu faço negócios com os mais sádicos e vis homens que hoje se proclamam líderes”. É a partir destas falas que conclui-se que o filme o Senhor das Armas, embora apresente um linha de dura violência, sua trama pode se tornar um pedido em favor da paz mundial. As seqüências de mortes narradas nesse filme, que se referencia na narrativa histórica e verdadeira de cinco contrabandistas internacional de armas, serve de incentivo para que a sociedade organizada cobre com mais determinação dos governos, políticas pública na luta contra o comércio ilegal de armas e, principalmente, força-se a exigir dos lideres, que haja com ética e responsabilidade nas coisas do Estado, para evitar que só em nosso país 40.000 pessoas morrem anualmente com o uso de indiscriminados de armas de fogo, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Esse número representa 2,8% da população mundial. O Brasil contribui com a estatística de 11% dos homicídios no mundo, e conforme números do DATASUS, dos homicídio cometidos do Brasil, 63,9% são praticados com o auxilio de armas de fogo e acometem pessoa na faixa etária dos 20 a 29 anos e mais recentemente vem atingindo de forma significativa menino e meninas menores de 18 anos de idade. Destarte é importante lembrar que enquanto o comercio internacional de armas, drogas e munições estiver em alta, ironicamente, tem-se como principais fornecedores, os países que participam diretamente do conselho de segurança da ONU (Estados Unidos, Inglaterra, Rússia, França e China, além de outros) e consumidores aqueles que estão às margens do primeiro mundo, sobretudo os sul-americanos, que como resultante aumentam os gastos com funerais, despesas medicas, seguros, aposentadorias entre outros benefícios previdenciários, além dos males emocionais provocados as famílias que são vítimas da violência.
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