A glamorosa elite, que tem como marca registrada a exibição de um currículo com formação no exterior, bons modos baseado na etiqueta, e um discurso erudito, não se sente representada com as qualidades do atual presidente, que não as completa com tais qualidades.
Esse gosto da elite pela chamada erudição, qualidade que o Moro tem se pautado a apresentar, trás, desde um currículo bem estruturado, com pós-graduação no exterior, principalmente nos Estados Unidos, como a polidez no falar e elegância no vestir, passa para essa parte de nosso tecido social o espírito de representatividade e os afasta da vergonha coletiva.
Assim, não será uma novidade, se a base que atualmente sustenta o governo do Jair Bolsonaro, mude de percepção e procure em Sérgio Moro seu espelhamento. Como afirma um estudioso, é a necessidade de “A construção de uma elite toda poderosa que habitaria o Estado só existe, na realidade, para que não vejamos a elite real, que está “fora do Estado”” (SOUZA, 2017). Essa elite experimenta, na atualidade, os mesmos sentimentos de 1922, quando a elite “sofria de extraordinário complexo de inferioridade, especialmente em relação à Europa, ideal e sonho inatingível de toda a elite culta” (SOUZA, 2006).
Neste caso, para enfrentar o legítimo representante das camadas mais populares, e de uma classe trabalhadora intelectualizada, o Lula, só teria como saída, ex-juiz Moro, a chamada terceira via, construída nos bastidores da própria base do governo Bolsonaro e que lhe impunha a derrota nas eleições de 2022, indo a disputa com Lula no segundo turno das eleições.
Referência
SOUZA. Jessé. Elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.
SOUZA. Jessé. A
Invisibilidade da Desigualdade Brasileira. Belo Horizonte: UFMG, 2006.
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