A Semana de Arte Moderna inaugura um novo olhar sobre a literatura, música, escultura e artes plásticas, criando uma arte nacional, genuinamente brasileira, que se contrapunha ao passado romântico e lançava o novo.
A arte consumida pelo brasileiro, especialmente a elite paulista, era a arte vinda da Europa, do classicismo europeu, os artistas da Semana de Arte Moderna propõe o rompimento dessa tradição e apresenta uma nova arte. Ao olharmos para música, por exemplo, vamos ver Heitor Villa-Lobos (1887-1959) fazendo uma contraposição ao consagrado músico clássico brasileira Carlos Gomes, autor do Guarani.
O maior impacto visual veio nas artes plásticas, com os retratos de Anita Malfatti, que embora tenha sido elogiada por Monteiro Lobato, que disse que ela tinha um "talento vigoroso", que comparou seus quadros aos desenhos “que ornam as paredes internas dos manicômios... ”arte anormal" e afirmou que a diferença estava que nos manicômios a “arte é sincera, produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses”.
Não podemos deixar de destacar a importância da Semana de Arte Moderna na denúncia social, e o quadro Operários de Tarsila do Amaral como a grande representação deste aspecto. O modernismo contribuiu com as críticas sociais, em particular no Brasil do início do século XX, não só com Tarsila do Amaral, mas entre outros, com inúmeras obras relevantes de artistas, como Portinari.
A escultura ganhou espaço durante a semana de 1922, entre outras expressões temos Di Cavalcanti (1897-1976) que rompe as tradições e com linhas estética sensual que buscava, acima de tudo, a construção de uma identidade nacional, além é claro, de se contrapor abertamente ao academicismo e ao abstracionismo.
E para não me alongar muito, a literatura com Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e muito outros, incluindo aqui o Carlos Drummond de Andrade, que embora tenha o nome de Andrade, nada tem haver com os primeiros, exceto a arte. A poesia desses e outros nomes rompeu com os padrões estéticos vigentes, pois a dessacralização do objeto poético foi certamente uma delas, diria a principal. Tudo passou a ser matéria da poesia. Uma sensibilidade permeada pelo intelecto e a consciência explícita dos processos de criação literária fizeram da poesia modernista um espaço de discussão de temas pertinentes ao próprio fazer poético, característica que me permitiu também a fazer poesias.
A semana de Arte Moderna, além de confrontar as estrutura da época, criou movimentos que se desdobrou no tempos, influenciando gerações, foi o movimento transgressor que tinha como objetivo derrubar qualquer tipo de influência europeia nas artes brasileiras, embora naquele momento não tenha sido bem recebido pela crítica e pelo público, mas aos poucos foi ganhando uma enorme importância histórica. Assim, aqueles três dias de 1922 mudou a história das artes no Brasil para sempre, agora completamos um século, e continuamos a nos contrapor e a defender uma arte brasileira, agora com novos elementos, novas técnicas e novas tendências.
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