Se o problema fosse às cenas obscenas e desagradáveis mostradas no filme, como não se questionar o filme “Em Silêncio" dirigido pelo sul-coreano Hwang Dong-hyuk. Neste filme as cenas de abuso sexual e violência são de longe mais pesadas, sombrias e comoventes, ao instante que causa nojo e repulsa em alguns dos personagens.
Mas afinal o que faz essa massa crítica ao aceitar a um e ao outro não. Se foram as cenas horríveis e repugnantes que inspiraram o movimento que condenou o filme brasileiro do Danilo Gentili, porque não se aplica a mesma medida ao filme Sul-Coreano? Se para um se diz sim, o que torna a obra cult, porque se diz ao outro não, já que o objeto argumentativo foram as cenas de “pedofilia”.
Mas ao que parece, o desprezo ao filme brasileiro vai muito mais além do que a exibição de cenas desagradáveis e que nos causa nojo. Há um preconceito preexistente à comédia brasileira e uma vontade de setores específicos da sociedade, ligado à política, que vem a todo custo querendo impor a produção cultural no Brasil “censura”, sobre o pretexto de uma falsa moral. Essa "censura" inclui desde os pedido de suspensão de exibição de filmes e outras obras, como a criação de barreira, através de limitação para lançamento e veiculação, como ocorreu com o filme "Marighella" do Diretor Wagner Moura.
Esses setores tradicionais da elite dominante ver-se incomodada com determinadas obras, sejam literárias, cinematográficas ou de outros gêneros, sobretudo porque questionam seus falsos valores morais e expõem numa linguagem popular as verdades, muitas das vezes escondidas pelos seus mecanismos de controle, como censura.
É importante se observar, no casos dos filmes em questão, o filme Sul-coreano tem cenas muito mais fortes que o brasileiro, mas não ví nenhum pedido de retirada da plataforma e pedido de censura, aplicação de multa, reclassificação de idade ou qualquer critica desconstruída, pelo contrário, há uma aceitação e elogios. A meu ver, ainda vivemos a ilusão que nutria nosso antepassado, com valorização do estrangeirismo e desprezo ao produto cultural interno.
Comentários