50 ANOS DEPOIS, ALLENDE RESISTE A HISTÓRIA COM VIESES IMPERIALISTA.

Certamente, ao pensar o dia 11 de setembro, você é rementido aos ataques as torres gêmeas World Trade Center em Nova York, isso porque tradicionalmente a nossa história tem vieses imperialista e com o apoio dos meios de comunicação, nos condicionam relembrar as agressões sofridas pelos Estados Unidos. No entanto, em um outro 11 de setembro, em 1973, ocorrido há 50 anos um evento marcante e traumático para toda América Latina, foi o que resultou na ditadura do general Augusto Pinochet que durou de 1973 a 1990.

Em 1970, eleito democraticamente pelos chilenos o presidente Salvador Allende, tinha em sua plataforma de governo propostas voltadas a atender as necessidades do povo chileno. Logo após a posse, nacionalizou bancos, empresas estrangeiras e as minas de cobre e, deu início a uma reforma agrária. Além das reformas sociais, o Chile sob a presidência de Allende havia recepcionado brasileiros que se exilaram após o golpe de 1964 no Brasil, entres estes, vários políticos e professores brasileiros, devido às perseguições nos primeiros anos da ditadura no Brasil. Nomes como os de Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Herbert José de Sousa (Betinho) estão entre esses nomes. As medidas tomadas pelo governo de Salvador Allende desagradou às elites econômica chilena, que procurou vários meios para sabotá-lo, além de receber sanção norte-americana e a queda do preço do cobre chileno no mercado internacional. A oposição ao governo de Allende recebeu apoio da CIA, agência de inteligência estadunidense, para impedir as reformas propostas pelo governo, levando a economia chilena entrar em crise, causando problemas no abastecimento de mercadorias.

Outro grupo que se opôs ao governo Allende foram alas conservadora e de extrema-direita dos militares, que apoiados por organismos internacionais, se mobilizaram para tomada do poder e a implantação do regime ditatorial chileno. O golpe contra o presidente eleito Allende aconteceu em 11 de setembro de 1973, quando militares sob o comando do chefe do exército chileno, o general Augusto Pinochet, bombardearam o Palácio La Moneda, sede do Poder Executivo do Chile. O presidente Allende não se rendeu aos ataques golpistas e suicidou-se dentro de seu gabinete, embora, mesmo após o encerramento das investigações sobre seu assassinato terem concluído que fora suicídio, muitos pesquisadores ainda acreditam na possibilidade de homicídio.

A ditadura chilena impôs a povo, retrocessos econômicos e políticos.  Na economia, a ditadura adotou medidas contrárias às adotadas por Allende, reduzindo o tamanho do estado, implantando medidas liberais, diminuindo a presença do Estado e abrindo espaço para o capital privado e, principalmente, empresas estrangeiras. O governo militar chileno promoveu a redução drástica dos gastos públicos, a privatização do ensino superior e aumentou a carga tributária, inclusive, mudanças no sistema de previdência dos trabalhadores.

Mas foi na política os efeitos mais drásticos, com a implantação do terror estatal, que levou mais de 40 mil pessoas a prisão, sendo torturadas, e mais 3.200 foram mortas devido à violência sofrida, segundo a Comissão da Verdade e Reconciliação. Essas violações aos direitos humanos eram praticadas e o governo se esforçava para esconder, sendo denunciada pelos chilenos que conseguiram fugir do país e do regime de Pinochet. A tática das ditaduras militares na América do Sul, incluindo o Brasil, alinhadas com os Estados Unidos e, na década de 1970, esses países organizaram a chamada “Operação Condor”, em que os governos militares trocavam informações sobre opositores e utilizavam a tortura como meios para que os presos políticos entregassem seus colegas.

Em 1980, ocorreu o início da retomada democrática no Chile que se deu com a promulgação de uma nova constituição e, somente em 1988, foi que os chilenos foram as urnas em um plebiscito, onde a maioria opinou pelo fim da ditadura e pela convocação de novas eleições em 1999. No ano seguinte, Patricio Aylwin foi o primeiro civil eleito desde o golpe contra Salvador Allende e iniciou seu mandato em 1990. O general Augusto Pinochet, deixou a presidência, mas se tornou senador vitalício. Embora tenha respondido a diversos processos por crime contra direitos políticos e corrupção durante os 17 anos de ditadura chilena, utilizando como artificio atestado de debilidade mental, morreu sem ser condenado ou punido pelos seus crimes cometido durante seu governo.




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Edson Gomes: Historiador e jornalista

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