COM AVANÇO DA EXTREMA DIREITA NO PARLAMENTO EUROPEU, ACORDO COM O MERCOSUL FICA IMPOSSIBILITADO

Com a formação do novo parlamento europeu, a América do Sul e o Brasil sofrerão impactos significativos no campo econômico e político, sobretudo no esperado acordo de cooperação econômica entre União Europeia (EU) e Mercosul.

As últimas eleições apontaram um importante crescimento da ultra direita no Parlamento Europeu. Esse crescimento foi visto pelo mundo com grande preocupação, pois aponta mudança no papel da UE em relação às políticas sociais e econômicas, visto que a ultra ou extrema direita tem pautas diferentes do centro direita ou centro esquerda.

A EU tem as funções de legislar (criar normas jurídicas), representar a população governada e fiscalizar o poder executivo. Assim, exercendo o poder legislativo dentro do bloco. Desta forma acordos com outro bloco, tratados de assistência e socorro a países em dificuldade.

Um parlamento formado por membros de maioria de ultradireita implica também em mudança de comportamento da política de imigração dos países, sobretudo, quando se tratar de imigrantes vindos de países da África para Europa, ou ainda, no tratamento dado aos latinos, seja nos vistos de permanência ou mesmo no turismo.

Além das questões relacionadas à entrada de pessoas de outros continentes, temos algo ainda mais preocupante, que é a manutenção dos acordos de cooperação ligados à agenda verde. Sabemos que esses países são os maiores poluidores e veem em seus partidos de ultradireita as opções de rechaçar a agenda verde por ser uma pauta histórica dos partidos de centro esquerda e esquerda.

A cada rodada de negociação fica mais evidente que a extrema direita tem menos compromisso com as questões climáticas e está mais próxima dos grandes conglomerados industriais e financeiros que poluem ou financiam a poluição. A extrema direita sempre foi e contará sendo o braço político do capital internacional que polui, desmata e não conserva a natureza, pelo contrário, vê na Amazônia, por exemplo, uma fonte de enriquecimento.

Quanto maior for a influência da extrema direita, haverá sempre uma análise, segundo analistas internacionais, apontando para um flerte ao fascismo, a preocupação com a inflação, a corrupção, o custo de políticas ambientais progressistas e a imigração. Mas foram essas a defesa dessas mesmas pautas que deram vitória a partidos de extrema direita.

Por fim, esse resultado impacta diretamente o Brasil, um país de dimensões continentais e principal liderança política e econômica na América do Sul.  Não há dúvida de que Brasil é o grande incentivador do Mercosul e também aquele que seria, em termos gerais o benfeitor de um acordo entre União europeia e Mercosul, acordo esse minado com a política externa extremista do recém-eleito presidente da Argentina, que para satisfazer interesses da ultra direita latino-americana se volta contra o acordo. Agora com um aumento significativo dos ultradireitistas no parlamento europeu, dificilmente o Brasil conseguirá fechar esse acordo que vem sendo costurado a mais de 20 anos.







Edson Gomes - Bacharel em Direito e Historiador ===================

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